domingo, 26 de abril de 2009

Hans Christian Andersen


A Visita a Setúbal

Na manhã do dia 8 de Julho, «com o céu azul-claro — nem na própria Serra de Sintra havia nuvens —», Andersen parte para Setúbal, onde irá passar um tempo na quinta de Carlos O'Neill. Durante a viagem anota a observação de que os passageiros, isto é, os portugueses, são graves e discretos «pouca impressão» dando «da vivacidade da gente do Sul». «O sol brilhava no céu claro e sobre as águas tranquilas. Em frente erguia-se Lisboa nas suas soberbas colinas, como uma monumental ampliação fotográfica».

Em Setúbal, instalado na «Quinta dos Bonecos», deleita-se com a vegetação variegada e luxuriante. «Que profusão de cores e variedade de flores ! Até mesmo das fendas dos muros, desabrochavam cravos e cactos que no Norte só poderiam ter sido criados em estufas». Mas o calor atormenta-o : «De dia, só se podia andar cá fora sob a sombra das árvores de espessa folhagem, ou se se queria ir a qualquer parte onde incidia o sol, havia que caminhar vagarosamente e a coberto dum guarda-sol branco».

Começa por visitar o convento de Brancanes, na proximidade, a que se seguem excursões a cavalo ao Castelo de Palmela e à Serra de S. Luís. A majestosa natureza era como «a nave duma igreja no mundo grandioso e estranho de Deus». Ao regressar, com a pele ardente do sol e os membros fatigados, mas maravilhado, Andersen repousa no frescor da noite e todo se entrega à beleza que o cerca. «Como é bela a noite, amena e refrescante / E as estrelas de grandeza e brilho tais». E recordando-se que em breve terá de voltar à sua Dinamarca, escreve estes «versinhos» no livro da família O’Neill :

«Lá no plano Norte verdejante,
Recordando todas as impressões vividas
Para Setúbal voará o pensamento distante
Para junto de todas as pessoas queridas».

A sua curiosidade de viajante continua a saciar-se em Setúbal. Vai ver os festejos de Santo António na cidade e, sensível e medroso, sofre com os estrondos das bombas, com a agitação do povo e com os solavancos da carruagem. «Estava inteiramente convencido que acabaria por quebrar uma perna ou um braço». Visita o edifício do Consulado de O'Neill, o Campo do Bonfim (?) onde «as boas madamas burguesas estavam sentadas, tranquilas e graves, nos bancos, os homens passeavam com mais vivacidade dum lado para o outro». Assiste a uma tourada no dia de São Pedro, vê a Igreja de Jesus e, por fim, faz uma receada e por duas vezes adiada excursão marítima à Arrábida e a Tróia e nela tanto o assustam as vagas que, com ressentimento, ouve o amigo O'Neill afirmar que «não tinha dado provas aí do sangue dinamarquês».

Ao regressar, lê nos jornais chegados as notícias da guerra distante na Áustria e na Alemanha. «Enquanto corria sangue e soavam gemidos de morte noutros países», — regista na Visita — a bênção da paz pairava maravilhosamente sobre Portugal, longe e afastado desses perigos. E eu sentia e gozava essa tranquilidade, essa beleza e essa paz». Pensa, porém, que é já tempo de volver à pátria, recordando-se do ditado de Kavamál «hóspede querido torna-se aborrecido, se por muito tempo fica sentado em casa alheia». Havia, passado um mês em Setúbal, o que, com cinco semanas na «Quinta do Pinheiro» em Lisboa, «era mais de metade do tempo que havia fixado para a estada em Portugal» e queria ainda ver Sintra e Coimbra.

Assim se despede dos amigos em Setúbal, «daqueles adoráveis seres, daquela casa confortável e daquela bela natureza». Na véspera da partida contempla, solitário, a maravilhosa quietude da noite em Brancanes e dela retém a última imagem: «tudo aí era calma, solidão e perfume refrescante das árvores e arbustos. As estrelas cintilavam, senti-me deprimido, com o coração cheio de tristeza...»

Regressa à «Quinta do Pinheiro», onde na sua ausência, a «natureza se havia alterado bastante», para partir pouco depois com Jorge e José O’Neill, para Aveiro e Coimbra.

Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes





Na passada semana foi aprovado pela Câmara Municipal de Setúbal a construção de uma unidade hoteleira e de um condomínio habitacional no Convento de Brancanes.
O Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes, dito mais simplesmente Convento de Brancanes, foi fundado em 1682 por Frei António das Chagas, para nele se formarem missionários na sequência do prestígio apostólico dos frades franciscanos conhecidos pelos ‘missionários do Varatojo.
Em 11 de Junho de 1761 ingressou como noviço no Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes Alexandre José da Silva, onde tomou os votos e professou a 13 de Junho de 1762, adoptando então o nome religioso por que é conhecido: frei Alexandre da Sagrada Família.
Após o terramoto de 1755, a Câmara de Setúbal instalou-se e passou a funcionar no Convento de Brancanes. Também aquando das invasões Francesas (princípio do século XIX), estes ocuparam o Convento para nele instalarem um hospital militar.
O Convento possuía uma importante biblioteca com livros raros que, na noite de 4 para 5 de Outubro de 1910, foram queimados na sequência de fogo posto pela população em fúria, danificando o edifício, tal como vieram também a fazer ao edifício dos Paços do Concelho.
Ao longo do Século XX, o edifício de rara beleza foi quartel militar e estabelecimento prisional depois de 1998 até 2007. Totalmente desactivado, veio então a ser vendido a uma entidade privada alegadamente detida pelo advogado António Lamego, antigo sócio de Alberto Costa, ministro da Justiça. Este foi o primeiro estabelecimento prisional vendido pelo Estado a privados no âmbito do programa de alienações lançado por Alberto Costa. Segundo o jornal “Público”, a propriedade, que custou ao Estado quatro milhões de euros, foi agora vendida à imobiliária Diraniproject III por 3,4 milhões de euros. Segundo o gabinete do ministro da Justiça, esta foi a melhor proposta para esta venda, com cerca de sete por cento acima do segundo classificado.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Naufragio Parte II



Archivo General de las Indias, Contratación 5109, fl. 2, a18.

Extract of the description of the documents found on the wrecksite of the Spanish nau Nuestra Señora del Rosario, in the Setubal coast, and to be delivered to the Real Casa de la Contratación de Sevilla.

Letter from Esteban de Ybarra, Lisbon, the 7th February 1590.


Transcription


Relación de los papeles que se Hallaron del naufragio De la nao Nuestra señora/

del Rossario, que dió al através en la costa De Setubal, los cuales todos van en recaudos En/

una caxa larga, grande, liada y bien acondiçionada, y otra Pequeña, cuadrada y enbreada/

Se An entregado A francisco Pablos, natural De Sevilla, Ariero para que las entregue/

A los señores Presidente y jueces de Real Casa de la Contratacion De Sevilla./

- Un emboltorio grande Para el santo officio de Sevilla/

- Un pliego embuelto en un ençerado para la Casa de la Contratacion/

- Algunas cartas y otros Papeles maltratados/

- Dos libros que Pareçen de la cargazon De la nao de fernando Correa, De yda/

y buelta a las Indias/

- Un quaderno que Dice: provisiones, mandatos y otros Recaudos Para Descargo/

de las quentas De la Real hacienda de esta Real Caxa de zacatecas, Procedida des/

de veinte de marzo de ochenta y ocho, hasta fin de diçiembre desde el dicho Año ba en diez/

y siete Pliegos y más éste qye son diez y ocho/

- Un libro en pliego, agujerado, que dice el titulo del traslado de las Almonedas de Su magestade que se/

hizo de los tributos del Año de 1587

- Otro que dice zacatecas, quintos, decimos y uno por ciento desde. 12. De março de 1588. hasta 21/

de diciembre del dicho Ano

- Otro que dice decimo 1588. años.

- Otro que dice traslado del libro Comun de la Real caxa de esta çiudad De Guadalajara/

desde 18. de Junio de 88. hasta 10. de Henero de 89.

- Otro que dice traslado de los pliegos de almonedas de los tributos del Ano de 1588.

- Otro que dice cacatecas .1588. quentas que se An tomado Al tesorero Alonso De sala/

zar baraona.

- Otro que dice traslado del libro general de la Real Hacienda de esta Real caxa/

de çacatecas, Proçedida desde 22. de março de .88. hasta fin de Diçiembre del/

dicho Ano. Va en .57. pliegos y más la cubierta.

- Otro que Dice traslado del libro del quinto de la plata que se trajo A quintar/

y quito en la casa de fundiçión desta çiudad De Guadalajara, desde .20. de/

Junio 1588. hasta 9 de enero de 1589.

- Otro que dice traslado del libro Común de esta Real caxa De Guadalajara.

- Otro que dice quentas que se tomaram Al tessorero Alonso De Salasar/

Baraona, de los marcos y Pesos de oro que entraron en la Real caxa de esta çiudad/

De Guadalajara desde 20 de Junio de 88. hasta 9. de enero de 89. [...]//

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Naufragi da nau Nuestra Señora del Rosario em Troia.


A relação das naus da armada de 1589 diz-nos que a Rosario era uma nau de 700 toneladas, de 30 canhões de bronze, com 150 soldados a bordo e tripulada por 44 marinheiros, 17 artilheiros, 30 grumetes e 10 pajens. À vinda da Terra Firme, integrada na armada do Almirante Álvaro Flores de Quiñones, a Rosário salvou a carga da nau Trinidad, de 300 toneladas, afundada ao largo da ilha Terceira. De pouco valeu aos espanhóis esta recuperação – a 7 de Dezembro de 1589, vinieron con tiempos violentos navegando hasta que al amanecer se hallaron junto al cabo de Espichel, ensenados cerca de la barra de Setubal con grande mar y viento O-N-O muy forzoso, y aunque reconocieron la barra y pretendieron entrar a Setubal, no lo pudieron hacer, antes les fue forzoso a la 1 de la tarde dar fondo a la costa y ensenada de Troia, 1 legua de la ermita. Luego que dieron fondo cortaron el arbol mayor y habiendo estado una hora sobre los cables, el tiempo iba reforzando y hubo opiniones de si repararaian o si daban en la costa, al fin resolvieron los mas teniendo por imposible el reparar, de cortar las amarras como lo hicieron, porque si daban a la costa de noche tenian por imposible salvarse ninguno. Cortados los cables alargaron el trinquete y dieron en la costa, al través en el arenal de Troia, donde de 230 personas que habia, se ahogaron mas de 120, entre ellos Juan de Goyaz, el contador Ondarza y el Correa y los demas salieron nadando y en 2 horas se hizo muy pequeños pedazos la nao.

No dia seguinte, os pescadores locais acharam muitas moedas na praia, totalizando quase 47 mil pesos. Até agora, o local do naufrágio ainda não foi localizado.

Setúbal Cidade à 149 Anos


19 de Abril de 1860 e a dada da elevação de Setúbal a Cidade, por despacho de D. Pedro V.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

DIA DO VITORIANO


Um boa iniciativa de um grupo de Vitorianos.

Bora la, não faltes!


http://www.diadovitoriano.com/

sexta-feira, 10 de abril de 2009