quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Proximidades - Setúbal vs Lisboa


in Setúbal na Rede - A Ver Vamos... por António Galrinho

Setúbal é a capital de distrito mais próxima da capital do país. Ter Lisboa aqui tão perto parece ter tantas desvantagens como desvantagens. Na capital muita coisa acontece. Há lá vários museus e galerias, várias salas de teatro e de outro tipo de espectáculos, muitos cinemas e um sem fim de atractivos. Ora, quem mora em Setúbal fácil e rapidamente se pode deslocar a Lisboa para desfrutar o que por lá se passa em matéria de cultura e de laser. Aquilo que aqui não há, certamente haverá do outro lado do Tejo. Aquilo que aqui não se passa, certamente por lá se passará.

A proximidade a que Lisboa está faz com que muitos setubalenses lá trabalhem, deslocando-se diariamente, e faz também com que muitos acabem por assentar arraiais por lá, por se tornar mais cómoda essa opção, quer por motivos profissionais, quer por motivos pessoais. São muitos os quadros superiores, criativos e artistas de Setúbal que estão numa ou noutra situação, fazendo com que a sua cidade se despovoe de cérebros que poderiam contribuir para o seu desenvolvimento.

Essa proximidade tem destas coisas, mas não explica tudo. Almada e Seixal estão mais próximas de Lisboa e há décadas que apresentam uma dinâmica cultural e empresarial que não existe por estas bandas, apesar de nesses concelhos haver ainda mais gente a trabalhar em Lisboa. Então pergunta-se: se esses concelhos conseguem, apesar disso, uma dinâmica invejável, por que razão não a consegue Setúbal?

A resposta para esta pergunta não é fácil nem linear, pois assenta em vários factores, alguns de origem política que remontam a algumas décadas atrás. Alguma falta de dinâmica inerente aos próprios setubalenses residentes pode explicar também parte do problema. A falta de infra-estruturas de âmbito cultural também.

Setúbal nunca teve salas de exposições em quantidade e qualidade suficientes para corresponder às necessidades, mas menos ainda as tem nos tempos que correm. Actualmente também não tem salas de espectáculos que dignifiquem uma cidade com 100 mil habitantes, capital de distrito. As obras e os impasses por que passam o fórum Luísa Todi e o cinema Charlot deixam-na debilitada em termos de oferta cultural. Vão valendo os pequenos espaços alternativos de colectividades, associações e bares, assim como o esforço de muitos que, tantas vezes com tão poucas condições, fazem das tripas coração para manter viva a cultura e a esperança de melhores dias para a cidade.

Com Lisboa aqui tão perto é importante que se faça algo, urgentemente, para mudar este panorama.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010